sexta-feira, setembro 08, 2006

E se o 11 de Setembro nunca tivesse acontecido?

«Um mundo sem o ataque contra Nova Iorque e Washington seria "um mundo de paz, prosperidade e trivialidade", considera o editor da Newsweek Fareed Zakaria. É possível traçar vários cenários, mas uma coisa é certa: "Haveria suicidas a planear um ataque terrorista contra os Estados Unidos. A história teria sido adiada, mas não teria sido negada.»




«Como seria hoje a América (e o mundo) se o 11 de Setembro nunca tivesse acontecido? Os EUA teriam invadido o Iraque? Conseguiria a Administração do Presidente George W. Bush sobreviver às eleições de 2004? Haveria "bolhas" na bolsa do mercado imobiliário? Estaria a cidade de Nova Iorque a investir na maior operação de reconstrução urbana da sua história? Quanto custaria o barril de petróleo? Qual seria hoje o défice americano?

"Em muitos aspectos, a nossa vida continua a ser tal como sempre foi. Mas ao mesmo tempo, todos sabemos que o 11 de Setembro despoletou alterações profundas - políticas, culturais, sociológicas; intelectuais, emocionais e psicológicas - em Nova Iorque e em todo o mundo", descreve o jornalista John Heilemann, da revista New York Magazine. " A questão é, precisamente, saber quais foram essas mudanças."

A publicação pediu a alguns escritores, jornalistas, políticos, académicos e outros especialistas para fazerem um exercício de ficção e imaginarem o que nunca teria acontecido se a América não tivesse sofrido os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A resposta mais óbvia é: "3000 pessoas ainda estariam vivas", assinala Hank Scheinkopf, um consultor político. "Continuaríamos a chegar ao aeroporto à última hora e não haveria paranóia de segurança. As declarações do Irão seriam pouco importantes. O jornalista Daniel Pearl não teria sido decapitado. O académico Francis Fukuyama seria mais importante do que Samuel Huntington, que seria desmascarado como o cripto-fascista que é. A história teria acabado. A semana teria sete domingos. Wall Street estaria a bater no céu. O barril de petróleo custaria 20 dólares. Fidel Castro ainda seria o grande inimigo. Oliver Stone estaria a fazer um filme sobre Saddam Hussein. Os super-ricos estariam preocupados com a pobreza nos países pobres. Os palestinianos teriam um estado. Os muçulmanos moderados controlariam os extremistas islâmicos. A América seria menos religiosa e a França menos anti-americana", ironiza o escritor e filósofo francês Bernard-Henri Lévy.

"Não teríamos a guerra do Iraque"
"O Congresso nunca teria autorizado o uso da força no Iraque, mesmo sob o argumento ilusório de que Saddam possuía armas de destruição maciça", considera a historiadora Doris Kearn Goodwin.

Para o analista e comentador Thomas L. Friedman, a China seria a principal preocupação da Administração americana. "Antes do 11 de Setembro, o país encaminhava-se para uma espécie de 'guerra fria' com a China. O relacionamento entre os dois países seria muito mais hostil", estima. Os EUA estariam mais preocupados com a Coreia do Norte do que com o Irão, prossegue, e o ritmo da globalização - que não teria abrandado - tornaria a Índia e a China nas maiores ameaças à pujança económica da América.

Sem guerras para combater, o Executivo de Bush teria concentrado a sua atenção na agenda interna. "Sem a guerra ao terror, a prioridades legislativas da Administração seriam as chamadas 'guerras culturais'. Os esforços para reverter a lei Roe vs Wade [direito ao aborto], de estancar a acção afirmativa ou a separação entre o Estado e a Igreja teriam sido muito mais sérias", considera Dahlia Lithwick, da revista Slate.

"Um mundo sem o 11 de Setembro seria um mundo de paz, prosperidade e trivialidade", considera o editor da Newsweek Fareed Zakaria. "Assuntos como o casamento gay ou a história de Terri Schiavo dominariam a atenção pública.

O maior best-seller seria um livro sobre como enriquecer com o investiento imobiliário em zonas ribeirinhas", acrescenta.

Pouca gente acredita que George W. Bush tivesse sido reeleito Presidente se o país não tivesse sido atacado a 11 de Setembro. "Sem o trunfo da segurança na campanha eleitoral de 2004, teria sido praticamente impossível que John Kerry não tivesse ganho as eleições", considera Thomas Friedman. Frank Rich nota que "como os republicanos não poderiam agitar a bandeira do medo, os democratas teriam beneficiado da revolta do eleitorado com a expansão da agenda da direita religiosa, mesmo que não tivessem melhores ideias nem um melhor candidato que a oposição".

Ainda os extremistas islâmicos
Mas mesmo que o 11 de Setembro nunca tivesse acontecido, a América continuaria a ser o alvo principal dos grupos islâmicos extremistas. "O fundamentalismo islâmico e as suas intenções violentas nunca teriam deixado de crescer. Antes dos ataques às Torres Gémeas, seria possível aniquilar uma conspiração como a de Londres? Provavelmente não. Há uma boa probabilidade que há pouco mais de um mês dez aviões teriam explodido sobre os Estados Unidos", estima o escritor Ron Suskind.

"O Afeganistão ainda seria dominado pelos taliban e a Al-Qaeda estaria confortavelmente instalada. Os clérigos wahhabitas andariam a fomentar o ódio ao Ocidente. Os milionários sauditas continuariam a financiar madrassas e grupos militantes fundamentalistas. E claro que haveria suicidas a planear um ataque terrorista contra os Estados Unidos. A história teria sido adiada, mas não teria sido negada", conclui Fareed Zakaria.»

Rita Siza, Nova Iorque
Público, 8 de Setembro de 2006

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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semelokertes marchimundui

11:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Muito legalll essas histórias

7:45 da tarde  

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