terça-feira, janeiro 09, 2007

Como vai a Estratégia de Lisboa?

“Uma Europa global e alargada tem o direito de ser ambiciosa. A ambição deve ser acompanhada de determinação. Estou motivado pelo que alcançamos em 2006 e desejo que em 2007 se progrida ainda mais. Estou convencido de que a forma europeia de trabalhar se adequa da melhor forma aos desafios do século 21. A relação entre a dinâmica de mercado, a coesão social e a responsabilidade ambiental é uma combinação única. Explorar este potencial é um caminho seguro para o crescimento e para o mercado de trabalho europeu.”

José Manuel Durão Barroso
Presidente da Comissão Europeia

As palavras de José Manuel Durão Barroso, publicadas no mais importante relatório anual da Comissão sobre a execução da reforma eco
nómica na Europa [O relatório intercalar anual da Comissão baseia-se nos relatórios de execução apresentados pelos Estados-Membros no Outono de 2006 e na análise feita pela própria Comissão das reformas levadas a cabo a nível da UE ao abrigo do programa comunitário definido em Lisboa. (fonte: site oficial da Comissão Europeia)] , dão as linhas orientadoras para o Conselho Europeu da Primavera a realizar em Março de 2007.

No final de 2006, o balanço feito pela Comissão é positivo. A aposta no crescimento e emprego tem de continuar e deve agora começar a ser mais específica para cada estado-membro, para que cada país saiba em que áreas se focar. O papel de Portugal, assumindo a Presidência da União Europeia (UE) no segundo semestre do ano, é fundamental, como salienta Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico: “a oportunidade de Portugal desempenhar um papel fundamental no novo ciclo da reforma institucional não o inibe, mas antes o desafia, a ter também um papel determinante no impulso necessário para que a Agenda de Lisboa, relançada em 2005 com resultados comparativamente muito prometedores e que conta actualmente com programas nacionais de reforma 2005/2008 em plena execução, possa começar a ser objecto, ao longo deste ano e em especial durante a presidência portuguesa, da preparação de um novo ciclo de implementação para o horizonte pós-2008.”

Mais do que o papel singular de Portugal à frente dos caminhos da UE, o horizonte deve ser mais abrangente e ter em conta o papel conjunto dos diferentes estados-membros que estarão na presidência da UE nos próximos tempos. O mote é dado pela Alemanha. “A presidência alemã tem vindo a revelar uma forte vontade política de tirar partido da conjuntura internacional favorável, definindo um ambicioso programa para a sua presidência, em articulação com o programa mais vasto do trio que inclui a presidência portuguesa no segundo semestre de 2007 e a presidência eslovena no primeiro semestre de 2008”, afirma Carlos Zorrinho.

O Balanço do Fórum Económico Mundial

O Fórum Económico Mundial (FEM) elaborou no final de 2006 um relatório onde está em análise o progresso efectuado até à data pela UE no âmbito da Estratégia de Lisboa. É um indicador a ter em conta para perceber quais as medidas que estão a ter sucesso e quais os novos caminhos a traçar.

De acordo com o FEM, a Dinamarca é a economia mais competitiva e dinâmica da EU, tendo já cumprido a maioria dos objectivos definidos pela Estratégia de Lisboa.
Entre as economias mais desenvolvidas da Europa, a Alemanha aparece em quinto no estudo do FEM, enquanto o Reino Unido e a França surgem em sexto e nono lugares, respectivamente. Portugal surge em 13º. O FEM diz que os membros da UE têm de fazer mais tendo em vista o mundo empresarial e a inovação.

O FEM elaborou um ranking dos 27 membros da União Europeia e dos candidatos Croácia e Turquia, com base em critérios como liberalização dos mercados, aumento da inclusão social e aposta no desenvolvimento sustentável.

A Dinamarca obteve óptimos resultados em todas as áreas e fez mais para impulsionar as empresas. O Reino Unido está no topo em termos de poder dos mercados financeiros mas aparece apenas em nono lugar quando se trata de promover a inclusão social. A Alemanha obteve bons resultados no desenvolvimento sustentável e liberalização dos mercados mas está apenas em 12º em termos de estímulo da área empresarial.

Os estudos mostram que alguns membros mais recentes da UE, como a Estónia ou a Eslovénia, estão a progredir mais rapidamente na reforma económica do que países “mais antigos”. A Polónia, que aderiu à UE em 2004, está mais atrasada do que a Croácia e a Turquia, países que são ainda candidatos.

“A conclusão é que a atenção da UE deve estar focada em três áreas”, afirma Jennifer Blake, economista na Rede Global de Competitividade do FEM: “melhorar as condições para a inovação, pesquisa e desenvolvimento, desenvolver um sociedade de informação mais forte e criar condições mais adequadas para a actividade económica do sector privado.”

Ranking FEM 2006
Países membros da EU + Croácia e Turquia

1. Dinamarca
2. Finlândia
3. Suécia
4. Holanda
5. Alemanha
6. Reino Unido
7. Áustria
8. Luxemburgo
9. França
10. Bélgica
11. Irlanda
12. Estónia
13. Portugal
14. República Checa
15. Espanha
16. Eslovénia
17. Hungria
18. República Eslovaca
19. Malta
20. Lituânia
21. Chipre
22. Letónia
23. Grécia
24. Itália
25. Croácia
26. Turquia
27. Roménia
28. Bulgária
29. Polónia